Abracadabra
Abracadabra é, segundo linguistas afiados, a mais universal das palavras. Um possível berço da mística palavra é o aramaico e o seu significado: “Eu crio enquanto falo”.
No caso de João Vaz de Carvalho, o Abracadabra mais adequado seria: “Eu crio enquanto desenho”.
Mais do que Houdinis de feira, escapistas encurralados ou coelhos fora da cartola (ou fora da caixa, como agora se diz) a magia que o artista nos propõe é a mirabolante desconstrução das personagens.
Um número de prestidigitador, que pelo humor e pelo absurdo, nos convida a uma viagem introspectiva às caixas secretas em que todos nos arrumamos. Somos todos personagens construídas que precisamos, por vezes de nos desengonçar para encontrar a nossa verdade, qualquer que ela seja.
Uma exposição para quem gosta de espreitar para dentro de cartolas, tenham ou não coelhos.
Rui Pelejão