Cristina Cordeiro

 

O gesto, a cor, a trama, o traço. As figuras surgem do nada, ao sabor das sensações que João Vaz de Carvalho vai passando para a tela. E fazem-nos sorrir. Elevam-se, voam, saltam, rebolam, pintam a manta no limiar da cor, arrastando-nos para um universo fantástico onde tudo parece simples e divertido mas nada é o que parece à primeira vista. Onde cada um de nós descobre o(s) sentido(s) que quiser. Neste jogo de emoções há uma inquietação que se pressente e nos perturba. A transgressão insinua-se por detrás da harmonia aparente gerando uma sensação de estranheza  que exige reflexão. É a desordem natural das coisas que emerge na inocente tranquilidade da tela deixando a dúvida.

Qualquer que seja a idade, a pintura do João não nos deixa indiferentes.

Seduz e questiona. Há que fruí-la com calma porque quanto mais se olha, mais se descobre. à nossa volta. E dentro de nós.

 

Cristina Cordeiro